Case de sucesso: Captação de recursos na prática
- Gabriel Matsumoto
- 15 de mai.
- 3 min de leitura
Um dos erros mais comuns de empresas que querem captar recursos é não saber responder com clareza às três primeiras perguntas que qualquer investidor fará:
Como você chegou nesse valor de captação?
O que exatamente você pretende fazer com esse dinheiro?
Qual é o resultado esperado e como ele se distribui no tempo?
Muitos empreendedores definem um valor “de cabeça” e acreditam que só precisam pensar no plano de uso depois de captar. Isso leva a um cenário frágil de negociação: nenhum investidor sério vai assinar um cheque em branco para quem não demonstrou preparo estratégico.
Existe ainda uma quarta pergunta que costuma derrubar muita gente: Quanto de equity está sendo oferecido em troca desse investimento?
Mesmo quando existe uma resposta, ela geralmente carece de embasamento. Não saber justificar o valuation da empresa ou a participação oferecida indica falta de preparo, em uma das situações mais importantes na vida de uma empresa - e cria uma desconexão entre o empreendedor e a linguagem falada pelos investidores.
O investidor, afinal, olha para risco. E investir em uma empresa sem planejamento claro sobre o montante de captação, uso dos recursos, resultado esperado e diluição é um risco que muitos não estão dispostos a correr.
A Estruturação Estratégica do Fundraising:
Quando um empreendedor chega à Equus com a intenção de captar recursos, mas ainda sem clareza sobre quanto precisa, como vai usar o capital e qual contrapartida pretende gerar, iniciamos um processo de estruturação completo.
Esse processo começa por uma conversa estratégica:
Qual é a visão de futuro da empresa?
Quais são as alavancas de crescimento previstas?
O investimento será para expansão geográfica, abertura de uma nova fábrica, entrada em um novo canal de vendas, desenvolvimento de uma nova linha de produtos?
Mapeamos todas as iniciativas envolvidas na tese de crescimento, estruturamos um plano estratégico claro e então partimos para a modelagem financeira. É nessa etapa que quantificamos:
Quanto capital será necessário para executar o plano;
Como esse capital será alocado em cada frente (use of proceeds);
E quais resultados operacionais e financeiros essas iniciativas devem gerar (receita, produtividade, margem, fluxo de caixa etc.).
Resultados e Benefícios Diretos:
Ao final do processo, o empreendedor sai com três entregáveis concretos:
Valor exato da rodada de captação necessária para que a empresa chegue a um ponto de auto sustentação, evitando tanto excesso de capital (diluição desnecessária) quanto subcapitalização (comprometimento do plano).
Alocação detalhada dos recursos (use of proceeds) com clareza sobre o impacto esperado de cada investimento.
Valuation pré e pós-expansão, com embasamento técnico para negociar com investidores.
Casos Reais
Em uma situação real, um cliente nos procurou desejando captar R$5 milhões. Após análise estratégica e financeira, concluímos que apenas R$3 milhões seriam suficientes , o que gerou menor diluição para o empreendedor, preservando mais equity. Para o investidor, foi igualmente positivo: menos capital aportado e melhor retorno, com uso otimizado dos recursos.
Já em outro projeto, a empresa queria captar um valor inferior ao necessário. Com a modelagem adequada, demonstramos que seria preciso captar mais para viabilizar o plano proposto. Esse ajuste evitou falhas de execução causadas pela falta de capital e fortaleceu a negociação com os investidores, pois havia clareza sobre o motivo da rodada e o retorno esperado.
Também tivemos casos em que o empreendedor tinha apenas uma visão vaga de crescimento, como o desejo de lançar uma nova linha de produtos. A partir dessa visão, ajudamos a definir o valor da rodada, detalhamos a alocação de recursos e projetamos o valuation pré e pós-expansão, o que permitiu uma conversa estruturada e convincente com investidores.
Conclusão
A preparação para uma rodada de investimento não se resume a “levantar dinheiro”. Trata-se de construir uma narrativa consistente, com base em estratégia, finanças e clareza sobre os impactos causados pelo uso do recurso captado. Esse processo torna a empresa mais atraente, reduz o risco percebido pelos investidores e aumenta significativamente a chance de sucesso nas negociações.
Autor: Rubens Terra