Se você é empreendedor ou membro de uma família que possui uma empresa, vou compartilhar uma história que pode soar familiar.
Imagine uma empresa familiar, construída com esforço e dedicação ao longo de décadas. O fundador, alguém com uma visão ousada, um desejo de construir um legado e a disposição para assumir o risco, dedicou-se para tornar seu sonho realidade. Ele é o coração e a razão de existir da empresa, aquele que conquistou tudo com suor, encontrou o mercado certo e formou uma cultura que se tornou a base da companhia.
Com o tempo, as novas gerações da família foram conquistando seu lugar no negócio, trazendo um novo olhar e ideias inovadoras que não apenas preservam o legado, mas que levam a empresa para uma nova fase de expansão. Esses herdeiros carregam o compromisso de honrar a visão do fundador, mas também a responsabilidade de adaptar a empresa aos novos tempos, transformando desafios em oportunidades.
Em alguns casos, um investidor externo pode ter se somado a essa jornada, reforçando o crescimento e a sustentação do negócio. Assim, o conjunto de acionistas – o fundador, seus sucessores na família e investidores – compartilha a missão de proteger e fortalecer o legado, garantindo que o capital e a cultura da empresa continuem a evoluir, gerando valor para o futuro.
À medida que a empresa cresce e se consolida, a nova geração, agora à frente da liderança familiar, percebe que para manter o ritmo de expansão e profissionalização, é necessário incorporar uma gestão ainda mais robusta. Assim, eles decidem que o próximo passo é trazer executivos externos, profissionais com experiência em mercado e vivência em outras empresas, para somar a essa trajetória.
Neste momento, algumas grandes questões surgem:
Como os integrantes da família devem ser remunerados?
Como diferenciar aqueles que estão no dia a dia do negócio dos que não estão?
Como valorizar as performances individuais de forma meritocrática?
E para o novo grupo de executivos, qual é a melhor forma de remuneração?
Afinal, qual é o verdadeiro papel de um acionista e de um executivo?
Para responder a essas perguntas, é essencial compreender o papel dos executivos na empresa.
Os Executivos: Líderes da Execução
Os executivos podem vir tanto da família quanto de fora dela. Esses são os profissionais responsáveis por fazer a engrenagem girar, transformando a visão dos acionistas em realidade. Eles assumem a rotina de liderança e execução, gerenciando pessoas, processos e resultados. Um executivo externo, por exemplo, é alguém cuja carreira está voltada a assumir o comando de operações, geralmente sem o mesmo perfil de tomador de risco que o acionista. Esse profissional busca estabilidade e previsibilidade em sua remuneração, pois seu papel consiste em ser contratado para executar funções específicas e entregar resultados.
Quando os Papéis se Cruzam
Em muitas empresas familiares, esses papéis podem se misturar. É comum que um membro da família assuma tanto o papel de acionista quanto o de executivo, acumulando responsabilidades e atuando como um tomador de decisões no dia a dia.
Mas há um ponto crucial: saber distinguir e gerenciar as diferenças entre estar no papel de dono e no papel de líder executivo. Essa distinção traz clareza para a governança e evita conflitos, sendo a base para uma empresa que não apenas sobrevive, mas que cresce e prospera.
Na Prática: Como Separar a Remuneração para Cada Função?
Aqui está o momento “ahá”, onde as peças se encaixam na definição da estrutura de remuneração, garantindo que cada função seja compensada de maneira justa e alinhada com seu impacto e responsabilidades:
Remuneração Fixa: Essa remuneração é destinada aos executivos, tanto os que são também acionistas quanto os que não são, garantindo estabilidade e previsibilidade, além de compensar o tempo e a dedicação ao negócio. Para eles, há um custo de oportunidade alto em se dedicar exclusivamente à empresa, pois a função executiva exige atenção plena e dedicação diária, algo que impede esse profissional de atuar em outras atividades paralelas.
Bônus por Performance: Este é um dos principais pontos de alinhamento entre acionistas e executivos. O bônus, atrelado ao desempenho e às metas alcançadas, reforça a meritocracia, incentivando os executivos a superar expectativas e maximizar o valor da empresa. Dessa forma, cria-se uma estrutura de recompensa justa, que conecta o sucesso da empresa ao esforço individual. Novamente, se um executivo é membro da família, mas seu desempenho individual é determinante na superação das expectativas, ele deve ser compensado por isso.
Dividendos: A remuneração do acionista é feita através dos dividendos, refletindo seu papel como o verdadeiro tomador de risco. Ao contrário do executivo, o acionista não é remunerado pelo dia a dia da operação, já que seu foco está no retorno de longo prazo e ele pode ter outras atividades fora da empresa. Os dividendos representam tanto o risco assumido, pois ele absorve as perdas, quanto o potencial de ganhos desproporcionais quando a empresa prospera.
Esse equilíbrio na remuneração, com cada função recebendo conforme suas contribuições e riscos, é o segredo para manter o alinhamento e garantir um crescimento saudável e sustentável.
O Equilíbrio é a Chave
No fim das contas, o sucesso de uma empresa familiar está na habilidade de manter esse equilíbrio. O acionista preserva a visão de futuro, enquanto o executivo assegura resultados no presente. Quando esses papéis estão bem definidos e em harmonia, a empresa encontra o caminho para um crescimento contínuo e menos sujeito a conflitos.
Na Equus Capital, ajudamos empresas familiares a estruturar suas práticas de governança e a alinhar os interesses entre acionistas e executivos, criando uma fundação sólida para o crescimento e o fortalecimento do legado. Se a sua empresa enfrenta o desafio de equilibrar essas funções, estamos prontos para oferecer o suporte necessário para um futuro próspero e bem estruturado.
Autores: Rubens Terra e Paulo Henrique Merotti