O risco de hoje é o passivo de amanhã: litígios que destroem margens silenciosamente
- Pedro Pimentel
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Em 2015, a Samarco (joint venture da Vale e da BHP) registrava margens líquidas altas e consistentes, de +30%, no setor de mineração, quando ocorreu o rompimento da barragem de Mariana. Este evento gerou um passivo bilionário em ações judiciais e indenizações que, até hoje, compromete resultados das companhias envolvidas (sem mencionar o dano reputacional irreparável). O caso da Samarco é extremo, mas ilustra um ponto simples: litígios têm o poder de comprometer completamente resultados e margens em silêncio, até que a conta chega.
Naturalmente, nem todo processo tem a escala de Mariana, mas no middle market brasileiro não faltam histórias de empresas que viram anos de esforço comercial evaporarem em meses por causa de passivos trabalhistas, tributários ou ambientais. Na prática, muitas vezes a rentabilidade aparente esconde um risco crescente que só aparece no balanço quando já é tarde demais.
Mas afinal, por que esse risco é tão perigoso?
Primeiro porque se acumula sem alarde: custos de advogados, perícias e acordos raramente aparecem no radar estratégico gerencial até que os danos potenciais já sejam altos.
Segundo porque ataca a margem: uma empresa pode crescer em receita, mas ver sua lucratividade encolher ano a ano se seus passivos contingentes estiverem se acumulando silenciosamente.
Terceiro porque trava crescimento: com risco jurídico elevado, investidores, bancos e parceiros perdem seu apetite, e o capital para expandir seca.
Agora que você conheceu o risco, veja quatro caminhos práticos de como reduzi-lo:
Antecipe conflitos. Muitos litígios começam em falhas operacionais (por exemplo, litígios trabalhistas usualmente decorrem de falhas simples de gestão de pessoas). Políticas claras de RH, registros organizados e diálogo estruturado evitam processos.
Invista em compliance antes da crise. Em vez de tratar compliance como custo, empresas que criam controles internos cedo reduzem riscos tributários e ambientais como potencial de se tornarem processos milionários.
Monitore mudanças regulatórias. Criar um calendário de obrigações com revisões trimestrais evita surpresas oriundas de fiscalização e multas inesperadas.
Transforme seu jurídico em parceiro de negócio. Não é só apagar incêndio: o departamento jurídico precisa participar da estratégia para identificar riscos antes que estes virem passivo.
Lembra da Samarco? Essas ações não estão restritas a grandes corporações. Uma rede de clínicas pode adotar protocolos claros de segurança do paciente para evitar ações de responsabilidade. Uma indústria de médio porte pode usar auditorias preventivas para reduzir contingências trabalhistas. Um varejista pode investir em sistemas simples de monitoramento fiscal para evitar autuações que impactem negativamente seu caixa.
E você? Hoje, quanto do seu resultado pode estar comprometido em passivos que ainda não apareceram na sua DRE? Talvez o verdadeiro risco não esteja na próxima crise de mercado, mas na próxima ação judicial, que está se formando neste instante.
Na Equus Capital, acreditamos que margens sustentáveis não dependem apenas de crescimento de receita, mas de uma blindagem inteligente contra litígios e passivos ocultos. Trabalhamos com nossos clientes para mapear riscos jurídicos, estruturar práticas de compliance e antecipar mudanças regulatórias. Porque, no fim do dia, o risco de hoje é o passivo de amanhã.






