Você já deve ter se deparado com o termo “sinergia” em algum momento. Talvez tenha surgido numa conversa sobre oportunidades de parceria, numa conversa com potencial investidor, ao avaliar o crescimento do negócio ou até durante a negociação de uma fusão com um concorrente ou venda da empresa.
Muitas vezes, o termo parece algo abstrato, difícil de quantificar, mas a verdade é que dimensionar sinergias é um processo objetivo e essencial de ser compreendido e aplicado da forma correta para maximizar o valor de uma transação.
Descomplicando o conceito, veremos como é possível calcular e priorizar as sinergias de forma prática, utilizando metodologias claras e bem conhecidas de valuation, como a avaliação por múltiplos e o fluxo de caixa descontado (DCF).
O Que São Sinergias e Por Que Elas Importam?
Sinergia, em fusões e aquisições (M&A), refere-se ao valor adicional gerado quando duas empresas se unem. É o famoso: 1+1 =3.
Isso pode vir de várias formas: redução de custos, aumento de receitas, ganhos competitivos ou até inovação. Em vez de ver sinergias como algo imaterial, é possível mensurá-las com precisão. O objetivo é que, ao dimensionar sinergias, possamos entender quanto valor essa união realmente cria, e quanto disso pode ser capturado financeiramente.
Como Dimensionar Sinergias de Forma Simples
O processo de dimensionamento de sinergias é bastante prático e pode ser resumido em três perguntas-chave:
Quais alavancas de valor estão disponíveis?
Quanto cada alavanca pode agregar em termos financeiros?
Quão realista é capturar esse valor?
A partir dessas perguntas, é possível transformar o conceito de sinergia em algo mensurável. Porém, nem todas as sinergias são iguais. Durante a avaliação é possível que você identifique várias alavancas de valor e é necessário priorizá-las para não subestimar seu valor na venda da empresa ou superestimar na compra.
Priorização das Sinergias: Onde Focar?
Podemos separar as sinergias nas seguintes categorias:
Impacto Financeiro Imediato: As hard synergies geralmente têm um impacto financeiro direto e, portanto, devem ser capturadas primeiro. Reduções de custos operacionais e economias de escala são fáceis de mensurar e trazem retorno rápido.
Custo de Implementação: Algumas sinergias podem ter um custo elevado de implementação. Por exemplo, consolidar sistemas de TI pode exigir grandes investimentos iniciais antes que o valor da sinergia seja percebido, além de uma grande dificuldade na integração, que pode estender o tempo além do esperado .Ao dimensionar as sinergias, é fundamental calcular o payback de cada ação.
Risco e Incerteza: As soft synergies, como o acesso a novos mercados ou o fortalecimento de marca, muitas vezes têm maior incerteza associada. No entanto, isso não significa que devam ser ignoradas. Utilizando o DCF, é possível projetar o valor a longo prazo dessas sinergias e determinar se vale a pena investir na sua captura.
Ao priorizar, as empresas devem focar nas sinergias de alto impacto financeiro e baixo risco inicialmente, garantindo um retorno mais rápido, e depois migrar para as sinergias mais estratégicas e de longo prazo, que, embora tenham mais incerteza, podem gerar ganhos substanciais no futuro. Porém, sem o mapeamento e dimensionamento inicial, é impossível tomar as decisões corretas e de forma embasada.
Exemplos de Hard Synergies
As hard synergies são as mais fáceis de dimensionar, pois se referem a ganhos diretos, como redução de custos e eficiência operacional. Um exemplo recente é a fusão entre Dow Chemical e DuPont. As empresas identificaram sinergias estimadas em US$ 3 bilhões ao ano, principalmente pela otimização de operações, fechamento de fábricas duplicadas e consolidação de áreas administrativas. Utilizando o múltiplo do setor químico de aproximadamente 8x EBITDA, esse corte de custos direto aumentou o valor de mercado combinado das empresas em cerca de US$ 24 bilhões.
Exemplos de Soft Synergies
Já as soft synergies são mais difíceis de quantificar diretamente, pois envolvem ganhos estratégicos e vantagens competitivas que ocorrem ao longo do tempo. Um ótimo exemplo é a aquisição da LinkedIn pela Microsoft em 2016 por US$ 26,2 bilhões. Embora a sinergia inicial parecesse difícil de mensurar, a Microsoft sabia que, ao integrar a plataforma do LinkedIn com seu portfólio de produtos empresariais, como o Office 365, ela aumentaria o engajamento e a retenção de usuários, além de abrir novas fontes de receita com publicidade e serviços de assinatura.
Nesse caso, o cálculo por DCF ajudou a Microsoft a estimar o potencial de geração de caixa futuro. Esse processo começou com a construção de um business plan, projetando o crescimento da receita a partir de novos usuários e oportunidades de integração, com isso, a Microsoft foi capaz de quantificar o que significaria aquela aquisição, da perspectiva financeira e deu segurança sobre quanto poderia pagar pela empresa. Mesmo que o valor imediato da sinergia fosse menos óbvio, o DCF mostrou que, no longo prazo, essa integração traria um retorno significativo.
Embora seja mais desafiador calcular, o DCF pode trazer essas sinergias intangíveis para um valor presente, oferecendo uma perspectiva clara do potencial a longo prazo.
Conclusão
Dimensionar sinergias em fusões e aquisições, como em reorganizações societárias é essencial e muito menos abstrato do que parece. Usando metodologias objetivas, como a avaliação por múltiplos e o fluxo de caixa descontado (DCF), é possível calcular com precisão o valor dessas sinergias e priorizar ações que gerem o maior impacto no valor final da empresa combinada.
A chave é equilibrar a captura de hard synergies, que oferecem retorno imediato, com as soft synergies, que podem impulsionar o crescimento e a competitividade a longo prazo. Com um processo bem estruturado, o dimensionamento de sinergias deixa de ser um desafio e se torna uma poderosa ferramenta para maximizar o valor de qualquer transação.
A Equus Capital é uma empresa com vasta experiência em consultoria estratégica, além de atuar como investidor em private equity e venture capital, e ter uma forte presença em fusões e aquisições. Nossa expertise foi construída ao longo de anos como investidores e operadores, permitindo-nos oferecer uma abordagem única e prática para apoiar os clientes em seus principais desafios estratégicos, ajudando-os a capturar valor e maximizar oportunidades.
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Autor: Rubens Terra, sócio da Equus Capital